Filmes na Quarentena #1

Juliana Cristina
4 min readApr 25, 2020

Texto estranho com filmes esquisitos

Pegue sua bebida e petisco preferidos, sente-se e não me deixe sozinha nessa sessão de filmes esquisitos que tenho assistido durante a quarentena!

Sou uma amante de cinema, que pela correria do dia a dia e na tentativa de me aventurar para além das terras tupiniquins, acabei deixando de lado algumas paixões. Sem mais delongas, vamos ao que interessa!

La nuit a dévoré le monde, 2018 (The Night Eats the World)

Minha primeira indicação, é uma produção francesa, dirigida por Dominique Rocher. Um filme classificado como Drama, Horror e Thriller (adoro estes gêneros) que pode ser encontrado na Netflix.

E calma lá, se você não é fã de filmes em língua francesa, este é todo em inglês, por mais que não possua muitos diálogos.

Resumidamente, Sam é um músico e vai até uma festa para pegar suas fitas cassetes, acaba dormindo em um cômodo do apartamento e quando acorda na manhã seguinte não há mais ninguém vivo.

O que ele encontra são zumbis, sangue e bagunça. Ao tentar checar a vizinhança no prédio ou até mesmo os arredores, encontra-se sozinho em meio ao caos e zumbis, voltando para o apartamento em que estava.

La Nuit a dévoré le monde, 2018.

Uma das coisas que me fizeram gostar do filme, é que se passa praticamente em silêncio (apesar de Dublin estar silenciosa, sinto saudades de estar em silêncio em casa), os zumbis não vocalizam ou quando emitem som, é um barulhinho ou outro apenas, dando uma sensação ainda maior de isolamento e solidão.

La Nuit a dévoré le monde, 2018.

Sam é incapaz de sair do prédio, sem saber ao certo o que aconteceu e vendo uma Paris deserta, começa a limpar o flat, verificar os outros apartamentos em busca de mais algum sobrevivente, alimentos ou alguma pista para sobreviver em meio a esta situação.

Ao longo do filme a personagem nos mostra como faz para manter a (in)sanidade ali sozinho, seja através da música, fazendo amizade de alguma forma e conversando.

Com o passar do tempo, e daí entra o que gostei, talvez por estarmos em uma quarentena e de certa forma sozinhos, Sam começa a se sentir cada vez mais solitário e desequilibrado. Desesperado por companhia, ele quase é pego por zumbis.

Será que alguns não conseguem cumprir a quarentena por não saberem ficar sozinhos?!

Mais um ponto que gostei, é que o filme não se passa em um curto período de tempo, através da mudança entre uma estação e outra, o estado mental de Sam continua se deteriorando. Ele percebe um dia que as ruas estão praticamente vazias e começa a tocar um instrumento para ver se alguém se aproxima ou se ainda existem zumbis, notando que sua solidão já interferiu no seu juízo, ignorando o perigo que isso possa causar.

Ou seríamos nós, achando que porque tem um dia ensolarado do lado de fora, e não podendo ver o vírus, podemos sair e ignorar tudo por aí?!

O longa pode ser interpretado como uma metáfora da nossa vida: seriam os zumbis os medos e demônios que o Sam tem dentro da sua mente?

Será que ficamos ansiosos e inquietos com nosso isolamento, porque pela primeira vez paramos e encaramos nossos medos e anseios?

No geral, em meio aos meus devaneios sobre o filme, tentando aproximar a solidão e o isolamento da personagem por conta dos zumbis à nossa vida em quarentena com o Corona Vírus, eu recomendo!

É uma produção que me fez gostar da fotografia, do roteiro e especialmente do tema, por permitir fazer alguns paralelos com a nossa “nova” vida de 2020.

E você, já conhecia esse filme? O que achou? Deixe seu comentário para a gente trocar uma ideia.

Se chegou até aqui, obrigada pela sua leitura. Se gostou e quiser compartilhar, agradeço :)

Tenho outros textos aqui no Medium, se quiser conferir uns Pensamentos Soltos, clique aqui.
Pequenas reflexões sobre um olhar de Dublin em tempos de Corona, aqui.
Um breve artigo em italiano aqui.
E por fim, textos sobre corrida em inglês, aqui.

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Runner, photographer and in love with words and languages - @run.julirun and @brasiland on Instagram.

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