Pensamentos Soltos #5

Juliana Cristina
4 min readDec 31, 2020

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Nesta série você encontrará devaneios escritos em algum caderno que carrego comigo pelo mundo.

Ano Novo

Coloquei uma máscara de argila no rosto para fingir que está tudo bem e que estou cuidando um pouco de mim.

Enquanto espero os 10–15 minutos para fazer efeito, coloquei uma bossa nova para ouvir e resolvi escrever um pouco. Faz tempo que não o faço.

Lá fora amanheceu tudo branquinho, -8°C, acredito ser meu Ano Novo mais gelado.

Falando em primeira vez, como disse a minha prima, foi um ano de muitas primeiras vezes para todo mundo.

O ano da pandemia, do covid-19, onde o mundo virou de cabeca para baixo e que para alguns, nos fez olhar para dentro e refletir.

Eu? Ainda estou refletindo, tentando traçar meu caminho e procurando o que quero. Ainda não encontrei a fórmula mágica, se é que existe uma.

Talvez meu caminho seja meio torto, mas o adoro.

Viver afinal de contas vai além de uma fórmula…

Já me perdi nos pensamentos…

Enfim, resolvi escrever, porque meu pai mandou uma foto minha e do meu irmão, fui ver a foto com o texto que meu irmão escreveu há 3 anos, e isso me fez relembrar das minhas viradas de ano.

A grande maioria foi no verão, na praia, no Brasil. De branco, pulando as 7 ondinhas, comendo lentilha, uvas, romas, guardando folhinha de louro na carteira. (Tia Sirlei, preciso de uma nova!)

Lembrei também que quando eu tinha 14 anos, passei o Ano Novo no Chile, num acampamento mundial de escoteiros e com as minhas melhores amigas (saudades de vocês).

Anos depois, passei em Paris, com a Claudia, minha prima e grande amiga. Ficamos na casa dela em meio a ataques de riso que nos fizeram chorar.

E então, chegou aquele texto do meu irmão, sobre o nosso primeiro Capodanno na Itália, cheios de planos para uma nova jornada, e puxa, acabei de lembrar que também trabalhei aquele dia! (achei que esse seria meu primeiro Ano Novo trabalhando)

Nos dois anos seguintes, tivemos a oportunidade de passar com nossos pais e amigos.

Nossos pais vieram para a Itália e depois nós é que fomos para o Brasil.

Este ano…

Bem, este ano vou passar aqui na Irlanda com o Nicola. Direi que será um Ano Novo intimista com frutos do mar, champagne à la James Bond e um edredom.

Muito provavelmente por conta desse ano maluco, por estar sozinha no quarto e trabalhando (maravilhas do home-office: máscara de argila, unhas feitas, palavras tortas e bossa nova), não senti tanto que estamos em época de festas.

Talvez não só por conta de tudo o que aconteceu e ainda está acontecendo (3° lockdown por aqui até final de janeiro), mas por estar longe da família e dos amigos também.

Para mim essa época sempre foi muito ligada à família e aos amigos. Por mais que digam que a família é a gente que escolhe, a minha original de fábrica, junto com meus verdadeiros amigos está sempre em primeiro plano.

Estou contente e grata por ter passado meu primeiro natal irlandês com meus amigos italianos, que me fizeram sentir acolhida como num almoço de domingo em família. E sinto o mesmo por ter um companheiro para passar a virada, mas nunca será a mesma coisa de poder estar no nosso lar original.

Já se passaram muito mais de 15 minutos, vou tirar um break para lavar meu rosto.

Então…

Happy New Year everyone!

Desejo que a cada dia aprendamos a dar mais valor aos pequenos gestos, respeitar mais o próximo, e que todos tenham saúde para que em breve possamos estar pertinhos uns dos outros como foi no ano passado.

Se chegou até aqui, obrigada pela sua leitura. Se gostou e quiser compartilhar, agradeço :)

Neste link você pode ler também meu breve ponto de vista sobre o que vivi aqui em Dublin nos tempos de Corona Vírus.

Ou clicando aqui, um ponto de vista de um brasileiro que vive na Itália.

Se quiser descontrair, pensamentos soltos aqui ou em italiano qui.

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Juliana Cristina

Runner, photographer and in love with words and languages - @run.julirun and @brasiland on Instagram.